Ricardo Augusto Esteves de Andrade Pinho
O artista plástico autodidata, nasceu no dia
27 de junho de 1944 na
cidade de Franca (São Paulo).
Iniciou seu trabalho nos anos 60,
com a influência de sua tia Dalva (pintora de flores e natureza morta em
diversos materiais).
Em 1961 transferiu-se para São Paulo
(Capital) ingressando no quadro de funcionários da Assembléia Legislativa do
Estado, como Oficial Legislativo, cursando paralelamente o curso Científico (2°
grau) no Colégio Mackenzie. Em 1964 foi aprovado no Curso de Direito Mackenzie
(SP - diurno) e Arquitetura de Interiores na faculdade Armando Alvares Penteado
(SP - noturno), abandonando os mesmos no mesmo ano para dedicar-se às artes
plásticas, realizando sua primeira exposição (individual) na loja 32 do
Conjunto Metrópole /São Paulo.
Dois anos
depois voltou para o mundo afora e não mais para “São Paulo” determinado a
viver para a arte. Em 1974 retornou então para sua cidade natal fazer o que não havia feito… Retornou às
paisagens da sua infância para registrar algo que passou a sentir estar
começando a caminhar para o fim, que era a natureza… Por anos se manteve imerso
na fazenda do seu pai criando peças e obras de estilos e profundidades
diversas.
Ficou em
Franca até 2003 quando decidiu se mudar para os Estados Unidos onde ainda vive.
Carreira
Nos anos 70 houve
um "Boom" em seu trabalho assim como nas artes plásticas em geral,
pois os artistas brasileiros tiveram maior contato com novas correntes, como a
música, o cinema, a fase política onde houve uma comunhão da juventude mundial
em prol de um idealismo novo, devido à guerra, descobertas, drogas,
liberalismo…
Foi nessa
época que o artista esteve na Europa e Estados Unidos, viajando por meses,
conhecendo e "curtindo" tudo o que 1970 ofereceu. Voltou e continuou
sua vida e obra, mas com uma nova abertura e visão… Foi uma época crescente
para ele, que executava exposições a todo o tempo, em vários lugares do mundo.
Muita badalação, pintando com outros artistas como Alex Vallauri (arquiteto e
professor da FAU), Flávio Império, Cláudio Tozzi, Aldemir Martins, entre outros
nomes das artes plásticas da época. Compartilhando estúdios comuns e crescendo
juntos sem influência alguma se não a de estar falando a linguagem do momento…
Tudo o que
havia visto em filmes e livros, tudo que viu e vivenciou ao vivo, foi e é
transferido para suas obras, resultando em uma guinada de conteúdo e técnica
continuada!
Ainda
durante anos deu aulas de design e pintura na Universidade UNIFRAN, aulas de
design e pintura para crianças na Escola Pequeno Príncipe e em 1976 abriu sua
Galeria de Arte (art Nouveau) e um Antiquário.
De (1975 a 1994) Ricardo Augusto trocou a parede
(quadros) pelo corpo humano (roupas). Passando seu trabalho para os tecidos, e
o auto denominou de "arte mobile“; pois suas roupas pintadas ganharam
movimento, saíram das paredes (fixas) e foram vestir corpos humanos se
movimentando, viajando.
Passou então
a denominar seu ateliê e sua grife de "arte mobile" de (Ptah Djedu) realizando desfiles juntamente
com as exposições tradicionais, na época em que a mãe do artista ainda estava
viva.
Entre 1998 a
2002 ministrou vários Workshops de pintura em aquarela e pintura em tecido no
MIS de Franca e na Pinacoteca de Franca.
Sua última
exposição no Brasil foi na Pinacoteca Municipal de Franca com uma série de
desenhos e aquarelas, cujo tema era "A guerra do Golfo".
O artista
morou por 6 anos em Miami – Flórida e em 2008 realizou a exposição “ Ilhas e
Terras” onde apresentou na Gallery Nights a série ao público pela primeira vez.
Atualmente de volta ao Brasil, já realizou exposições na Assembléia Legislativa de São Paulo, e em outros espaços.
Atualmente de volta ao Brasil, já realizou exposições na Assembléia Legislativa de São Paulo, e em outros espaços.
Exposições Individuais
§ 1968 - Happening - Galeria Metrópole (SP) - Desenhos
§ 1968 - Galeria Coreto - Campinas (SP) - Desenhos
§ 1969 - Galeria Largo do Boticário (SP) - Desenhos
§ 1970 - Galeria Auditório Itália (SP) - Desenhos
§ 1979 - Fundação “Mario de Andrade” Franca (SP) - Óleo
§ 1979 - Ateliê Ricardo Augusto em Franca (SP) - Tapeçaria
§ 1982 - Pinacoteca de Franca - Desenho
§ 1983 - Salão de Arte Moderna da Pinacoteca de Franca - Menção Honrosa por 3
quadros e Medalha de Ouro por
obra apresentada
§ 2008 – “Islands” Gallery Nights no Sul da Flórida (EUA) - Óleos
Exposições Coletivas
§ 1968 - Galeria Auditório Itália “Artes Fantástica” (SP) - Desenhos
§ 1970 - “ 7 Desenhistas” Paço Das Artes (SP) - Desenhos
§ 1970 - Salão Jovem de Arte Contemporânea - MAC (SP) - Desenhos
§ 1970 - VI Salão de Arte Contemporânea - Campinas (SP) - Desenhos
§ 1970 - VI Grand Prix D`Art Cont. de Mônaco Monte Carlo - Óleos
§ 1970 - Exp. Itinerante em 9 cidades - Interior SP (Paço das Artes) - Desenhos
§ 1970 - II Salão Paulista de Arte Contemporânea (SP) - Desenhos
§ 1970 - Salão de Arte Contemporânea - São José dos Campos (SP) - Desenhos
§ 1970 - Galeria Mão do Pilão - Itapecerica da Serra (SP) - Desenhos
§ 1970 - Al. Contraste (SP) - Desenhos
§ 1971 - Galeria Rosa Filho (SP) - Desenhos
§ 1971 - Palácio da Cultura - Santo André (SP) - Desenhos
§ 1971 - Centro Experimental de Arte (SP) - Desenhos
§ 1971 - V Salão Jovem de Arte Contemporânea - MAC (SP) - Objetos
§ 1971 - “Arte Psicodélica” - Paço das Artes (SP) - Óleos
§ 1971 - Panorama da Arte Atual Brasileira - MAM (SP) - Óleos
§ 1971 - Selecionado pelo Itamaraty para o resumo do Panorama A.A.B. MAM
§ 1971 - Galeria Encontro – Brasília (DF) - Desenhos
§ 1972 - Bienal de Arte Coltejer Medelin - Colômbia - Desenhos
§ 1972 - Centro Cultural Páramo (SP) - Desenhos
§ 1972 - Galeria Cati (SP) - Desenhos
§ 1972 - Externato Pequeno Príncipe (SP) - Desenhos
Obras
O artista
desenvolveu trabalhos em vários materiais: lápis e caneta nanquim, guache,
aquarela, óleo sobre tela e óleo sobre madeira, tapetes, caixas secretas de
madeira, ilustração de livros, objetos e esculturas, colagens.
Críticas, depoimentos e visões sobre o
artista e suas obras
Pelloni Dau,
Eliana, Maio de 2009, São Paulo.:
Ao ver as
obras de Ricardo Augusto desfrutamos das sensações de todas as cores, esse
tecnicolor criado a luz dos movimentos: flores, entre elas hortências, rostos,
os mais diversos personagens, paisagens, egípcios, lemurianos, animais, “os
famosos cavalos de Ricardo Augusto”, cenas incríveis.
Tudo é mágico,
um grande magnetismo exerce sobre as pessoas tanta criatividade e harmonia.
Manifestações artísticas sutis e transcendentes. O cerne da verdadeira
experiência de um artista extremamente refinado, sensível, com uma enorme
potencialidade.
Um artista
que faz tudo com amor e por amor.
Ricardo
Augusto e sua maneira original de ver e sentir as coisas. A performance de
Ricardo é das melhores em eficiência e desempenho. Um artista sábio e profundo
que nos faz refletir.
As obras
primas de Ricardo Augusto, situam-se além, pois, consegue transpor espaços
nunca vistos antes, símbolos, metamorfismos.
Ricardo
Augusto solidário com a humanidade pois como ninguém ele sabe compreender a
essência dos seres por ser muito espiritualizado.
Eliana Dau
Pelloni
São Paulo,
Junho de 2009
Laus, Harry,
4/1972, São Paulo.:
Ricardo
Augusto (Esteves de Andrade Pinho) é um artista desconcertante. Quem olha
detalhadamente os seus trabalhos, pensa logo em perguntar quem foi o mestre.
A linha
sensível, a composição equilibrada (ou deliberadamente contrária às antigas
leis estéticas), a anatomia dos seres em posições nada repousantes, o movimento
dessas mesmas figuras em furiosa debandada, a cor usada com sabedoria – tudo
isto fica exigindo de nós uma implicação de escola, de teoria, de segmento
áureo e outras leis proporcionais.
Aí chega o
jovem artista e desmonta qualquer pretensão “quadrada”. Sou autodidata – diz
ele, com naturalidade, sem orgulho nem modéstia.. Duas únicas referências de
aprendizado: menos de seis meses, nunca ambientado nos estilo dos cursos da
Fundação Alvares Penteado, em São Paulo, e a convivência com cores da pintura
acadêmica de sua tia Dalva Ribeiro de Andrade Lessa, na mesma cidade.
Então é
melhor pensar em Mozart, que com apenas cinco anos “encantava as cortes e as
cidades Europa”. Quem pode com essa idade ter freqüentado academia? Ricardo
Augusto não pretende ficar situado entre Rembrandt e Durer como hoje se coloca
Mozart com Bach e Bethoven – mas conta penas que desenha desde criança. Haverá
maior academia que o amor diário a uma obsessão grandiosa? A anatomia foi
lentamente apreendida com o olhar, já tendo andado pelos Estados Unidos, pela
África, Europa, França e Bahia: na intimidade com os animais em uma fazenda de
Franca no interior de São Pulo e, ainda mais, pela necessidade de transmitir
aos outros a alegria de suas secretas descobertas oníricas.
Portanto,
estamos diante de um artista instintivo. Sem qualquer facilidade dita
“primitiva”. O desenho de Ricardo Augusto é cerebral, sem ser hermético; é bem
elaborado, sem ser frio; é equilibrado, sem ranços acadêmicos; é vivo poque
exige de você uma participação às vezes aflitiva. Cavalos, camarões, gente. A
aventura do galope espiritual, o camarão gustativo frito num espeto, e a gente
– gente – “nós que merecemos a morte, porque somos humanos”, ficamos dizendo
com Cecília Meirelles:
E viam-se
uns cavalos vivos, altos como esbeltos navios, galopando nos ares finos, com
felizes perfis de sonho”.
Harry Laus
São Paulo,
Abril de 1972
EXPOSIÇÃO,
4/1981, Ribeirão Preto:
Ricardo
Augusto sempre foi conhecido pela qualidade de seus desenhos surrealistas. A
partir de 1978 dedica-se mais à pintura, deixando o Surrealismo pela Arte
Mágica, descoberta ao realizar uma série de retratos psicológicos em 1971. Daí
em diante a Magia definiu a sua obra, como a série dos “Cognotébeis”, desenhos
e óleos expostos em 1974, tanto na Bienal de Coltejer, em Medellin, Colômbia
como na Galeria Guignard, Belo Horizonte.
Utilizou o
macro e o microcosmo para enfocar dimensões astrais e suas progressões
transparentes à simples visão real; seres da Natureza (duendes, ninfas),
símbolos da Força natural, como é o caso do Cognotédel ou o símbolo do cavalo.
Segundo o
crítico Mário Schemberg, o trabalho de Ricardo tem fortes expressões mágicas,
pelo afluxo de símbolos ocultos, numa visão ampla, mesmo diante de uma forma
simples. Assim acontece nos seus trabalhos com Hortências, onde não mostra
apenas a flor mas os insetos, a água que dá a umidade, a atmosfera, isto é, um
hálito cósmico ou força vital.
Afirmando
sua preocupação ecológica, transmite em seus quadros umas força natural, não
contra a super-industrialização do planeta, mas alertando sobre certos valores
naturais massacrados pelo artificialismo exagerado.
Para que
serve pintar paisagens, flores ou até figuras, se o artista não tem consciência
do que se faz em termos de: Construção, Defesa ou Participação? Então Ricardo
pinta a natureza porque cuida e participa dela, mostrando a coerência do
pensamento e da projeção física, ou seja, os trabalhos que apresenta ao público
de Ribeirão Preto.
Atalie
Rodrigues Alves
Ribeirão
Preto, Abril de 1981